Porém, eis que de repente, surgiu um pobre ratinho. O leão
não perdeu tempo e assim estendendo a pata, alcançou o pobrezinho que corria
pela mata.
- Vejam só, que sorte a minha! Abocanhei-te seu moço. Tu não és lá muito
grande, mas já serve para o almoço!
- Tenha piedade senhor! - Oh, solte-me por favor! Do
que lhe serve matar-me! Pois veja bem, se me come, eu sou tão pequenininho,
que mal posso matar-lhe a fome.
- Pensando bem, tens razão! Eu vou soltar-te ratinho. O que ia fazer
contigo, assim pequeno, magrinho. Segue em paz o teu passeio. Não vês, sou
teu amigo, para mim de nada serves, quase não pode contigo!
- Seu Leão, esse favor, eu jamais esquecerei. Se puder,
algum dia, ainda lhe pagarei.
- Oh! - Pagar-me? Ora! Tu mal aguenta contigo! O que
poderias fazer a meu favor, pobre amigo!
- Não sei, não sei majestade, mas prometo-lhe outra vez,
algum dia, hei de pagar-lhe, o grande bem que me fez
E assim dizendo, o ratinho correu e muito feliz entrou no
seu buraquinho. E o leão tranquilamente, embrenhou-se na floresta.
Entretanto, de repente . . .
- Vejam, meninos, que horror!
O pobre animal, caiu na rede de um caçador. E a fera se
debatendo de raiva e pavor, urrava!
E quanto mais se esforçava, mais a corda o enlaçava.
Nesse instante, o tal ratinho, que de longe tudo ouvia,
chegou perto do leão, que urrando se debatia.
- Não se aflija meu amigo, aqui estou para salvá-lo.
Espere. Fique tranquilo, pois vou tentar libertá-lo. Deixe-me roer a corda
que o prendeu... assim...assim... não se mexa por favor, descanse e confie
em mim.
E o ratinho foi roendo, roendo insistentemente, até que a
corda cedeu e arrebentou finalmente!
- Pronto, estou livre afinal! - Muito obrigado ratinho. O
que seria de mim sem tua ajuda, amiguinho!
E o ratinho humildemente, cheio de satisfação, estendeu
sua patinha ao grande e velho leão!
- Amigo, não me agradeça, entretanto aprenda bem, não faça
pouco dos fracos, confie neles também
- E o leão compreendeu esta lição acertada!
Mais vale a calma e a prudência à fúria desenfreada
E o leão, aprendeu a lição!
"Mais vale, a calma e a prudência, à fúria desenfreada."
"Os pequenos amigos podem se revelar seus grandes
aliados."
Fábula de Esopo recontada por Jean de La Fontaine